O dia depois de amanhã.
Como num filme-catástrofe a falta de seriedade em relação ao transporte público coletivo pode nos conduzir da pandemia ao pandemônio.
Enquanto o governo decide que Igrejas são serviços essenciais, oferece socorro às empresas aéreas e discute se deve ou não deve seguir todas as demais nações do mundo em relação ao enfrentamento da Covid-19, os sistemas de transporte público brasileiros vão se desintegrando diante de um ensurdecedor silêncio.
Sim, é verdade que a crise está há muito instalada no setor. Também não é fato novo a confusão que se faz entre Política de Transporte e política no transporte, o que também explica, em grande parte, a visão caricata que se construiu na opinião pública - melhor seria dizer no imaginário popular – de que todo o debate sempre se estabelece em torno dos interesses dos empresários do setor, os “tubarões da catraca”, os “reis dos ônibus” - ou seja lá qual for o título extravagante que ajude a vender jornais (ou, mais modernamente, obter cliques).
Em verdade, construímos no Brasil sistemas de transporte público coletivo perversos, num modelo que só funciona se um pobre subsidiar outro pobre. Sim, são só os pobres (ou os empregadores dos pobres) que pagam pela existência do serviço - e também pagam pelos idosos, pelos estudantes, pelos carteiros e por quem mais for alçado à condição de merecedor de uma isenção. Esse modelo, todos sabemos, limita a fome ao dinheiro que estiver disponível a pagar pelo prato – e é óbvio que, em sendo um sistema financiado apenas pelos mais pobres, o tamanho do prato fica sempre aquém da fome.
Presos que estamos a soluções como o vale-transporte, que é positiva mas não alcança grandes indústrias, bancos ou companhias aéreas… Leia texto completo no Diário do Transporte: https://bit.ly/2yF4iIf
Outros portais onde o conteúdo foi veiculado:
- ANTP
http://www.antp.org.br/noticias/destaques/o-dia-depois-de-amanha-rafael-teles.html
- Transurc
https://www.transurc.com.br/index.php/opiniao-o-dia-depois-de-amanha/